Monday, May 18, 2015

Crítica: "Alemão" (2014) de José Eduardo Belmonte

O filme “Alemão” é o segundo longa-metragem dirigido por José Eduardo Belmonte, responsável porA Concepção (2005) e Se nada mais der certo (2009),  tem como enredo principal a ocupação do Complexo do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, pela Polícia para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). A obra retrata uma história ficcional de cinco policiais do serviço de inteligência - Samuel (Caio Blat), Branco (Milhem Cortaz), Danilo (Gabriel Braga Nunes), Carlinhos (Marcelo Melo Jr) e Doca (Otávio Müller) -  que se infiltram na favela para coletar informações sobre os traficantes, antes da ocupação.
Foto: Reprodução

           No entanto, as identidades não demoraram para serem descobertas. Quando o traficante que comanda o Morro, conhecido como Playboy (Cauã Reymond), descobre, os policiais se refugiam no porão da pizzaria de Doca (Octávio Müller), que também é um agente infiltrado. Ao ficarem presos dentro do estabelecimento, enquanto os traficantes os procuram, os cinco, com uma comunicação precária com o ambiente externo, precisam encontrar uma maneira de sair da favela antes da ocupação começar e repassar as informações para a polícia.

Contudo, o que vale ressaltar, é o fato do filme relatar o real. Por mais que se utilize de traços ficcionais, o roteiro tem base na realidade, intercalando, durante o longa, trechos de noticiários. Até 2010, o morro do Alemão era considerado um dos mais violentos do país, com a ocupação, o local foi pacificado. Apesar de não ser o foco principal, “Alemão” não deixa de mostrar o fato, evidenciando a ocupação do Morro, que aconteceu em Novembro de 2010. Portanto, serve como base histórica do país.

Assistindo ao trailer, que faz lembrar Tropa de Elite (2007) ou Cidade de Deus (2002), o espectador espera ver um enredo com muita ação, mostrando detalhes da ocupação, intercalados a ficção, mesmo se tratando de um filme de gênero dramático.

O figurino, de responsabilidade de Diogo Costa, de Chega de saudade (2007) e Quando eu era vivo (2014), é o mesmo durante todo o filme. A quantidade de locações também é restrita, pois o longa se limita a uma história retratada em poucos cenários, como a mansão de Playboy, onde ele esconde toda sua ostentação, e no pequeno porão da pizzaria, onde as cenas se tornam agoniantes por ser um local pequeno, caracteristica que evidencia o desespero dos policiais. Ambiente que lembra um clássico filme de Quentin Tarantino - Cães de Aluguel - onde os protagonistas também estão confinados em um local com o perigo do lado de fora.   
Foto: Reprodução
  As histórias dos personagens são pouco explicadas, condenando pontos cruciais do filme. A escolha do biotipo e comportamento em cena dos personagens também não foi bem escolhido. Como a atuação de Cauã Reymond, que não convence como traficante que comanda o morro, fato que pode ser explicado, se levarmos em consideração que ele deveria ter atuado como um dos policiais, mas pediu para interpretar Playboy, quando o ator previamente escalado desistiu.  

Outro aspecto de elenco que se deve levar em conta é que o filme traz muitos atores de renome. Antonio Fagundes é apenas um dos que podem ser citados e que pecaram na atuação. O reconhecido ator “global” deu vida ao Delegado Valadares, chefe dos cinco policiais presos no morro, e nas poucas cenas em que aparece não surpreendeu, ou o fez, mas de forma negativa, já que apresentou uma atuação fraca e sem brilho.

A trilha sonora deixa a desejar, pois apesar de tocar alguns Funks - clássico dos Morros - a música deixa de assumir a função de dramatizar as cenas e rouba o espaço das atuações. Em alguns momentos, os diálogos são difíceis de entender em razão do alto volume das músicas.

Infelizmente, o longa que poderia ter marcado o gênero, deixando para trás filmes como Tropa de Elite (2007), não surpreendeu. Levando em consideração os diversos aspectos do real embutidos no tema, o que torna o espectador próximo ao longa, o roteiro que poderia ter sido rico, foi pouco explorado e tornou-se apenas mais um da categoria.

Produção: HappyFeet Produções
Texto: Andressa Elesbão, Giovanna Kasezmark, Glaucia Périco, Raphaela Viscardi
Edição: Andressa Elesbão, Giovanna Kasezmark, Glaucia Périco, Raphaela Viscardi

Fotos: Reprodução

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